Ato 1 — O Convite, o Medo e o Mergulho no Desconhecido
Quando recebi o convite para aplicar agilidade em um time de vendas imobiliárias, meu primeiro impulso não foi entusiasmo, foi resistência. Eu tinha anos de experiência em agilidade, transformações organizacionais e liderança de times. Em teoria, eu “tinha tudo” para dar certo. Na prática, eu sabia bem o que estava prestes a enfrentar: um mercado tradicional, com profissionais calejados, métodos consagrados e um histórico gigante de “sempre fizemos assim”.
E eu? Eu queria essa experiência, mas tinha medo de fracassar. Era um ambiente onde eu não conhecia o jogo por completo. E quando a gente não conhece o jogo, jogar exige humildade e coragem.
O que eu podia perder?
Minha confiança e a convicção de que a agilidade pode entrar em qualquer lugar e prosperar.
Mesmo assim, disse sim.
Incidente Inicial — Quando Percebi Que Não Era Só Sobre Técnica
Nas primeiras semanas, ouvi mais do que falei. Olhei os números, analisei o funil, escutei corretores, gerentes, padrões e preocupações. Foi aí que o primeiro alerta surgiu: a maioria não conseguia analisar o dashboard para identificar oportunidades no funil, nem transformar informação em ação.
Tratava-se de algo muito maior do que ensinar cerimônias ágeis; era sobre mudar comportamento em um ambiente já formado. E mudar hábito dói. Em qualquer lugar.
Primeiro Ponto de Virada — Não Havia Volta
Quando tentaram argumentar que agilidade “é coisa de startup”, percebi o elefante na sala: o medo da mudança. O medo de parecer inexperiente ao experimentar. O medo de errar na frente do cliente. O medo de abrir mão do que sempre funcionou.
Se eu desistisse ali, seria mais um consultor que passou. Se eu seguisse, poderia provar, para eles e para mim, que adaptação é uma vantagem competitiva. E que ninguém fica para trás quando aprende a aprender.
Eu já estava envolvido demais para recuar.
Algo precisava mudar. Neles e em mim.
Ato 2 — Bateu? Aprende. Doeu? Ajusta. Corre!
Comecei ajudando o time a transformar metas mensais em esforço diário, com transparência. Criamos ciclos curtos, metas visíveis, inspeção constante e um movimento muito claro: aprendizado contínuo.
A resistência apareceu rápido:
- “Isso dá trabalho”
- “Não sei se vai funcionar”
- “Mas sempre fiz assim”
E eu? Também falhei, errei tom, ouvi críticas e precisei adaptar meu jeito. Agilidade no estado puro.
Tudo em ambiente remoto, o que se provou irrelevante, quando existe intenção e conexão, distância não atrapalha.
Primeiro Ponto de Aperto — Quando Olhei Pelos Olhos Deles
Em certo momento, percebi que para alguns aquilo não era só novo, era ameaçador. Eles tinham anos de experiência. Tinham orgulho. E tinham muito a perder se parecessem novatos diante dos colegas.
De repente, a resistência fazia sentido. Eles não estavam lutando contra mim. Estavam lutando para proteger sua história.
Essa compreensão mudou meu jogo.
Segundo Ponto de Virada — Aconteceu: Eles Começaram a Testar
Com ciclos curtos, pequenos testes e conversas honestas, incluindo uma ferramenta chamada ConFeRe (Conversas, Feedbacks e Reconhecimentos) — algo começou a acontecer.
Um gerente testou uma nova abordagem. Outro ajustou um script. Corretores começaram a inspecionar seus próprios desperdícios. Eles aprenderam a quebrar metas mensais em ações diárias baseadas em dados e comportamento.
E aí veio o momento-chave: os primeiros resultados surgiram.
Eles viram. Eles sentiram. Eles acreditaram.
Eu não precisei convencer mais ninguém. A própria prática fez isso por mim.
Ato 3 — A Virada Cultural e a Pressão Real
No meio do caminho, novas regras comerciais surgiram. Mudanças externas. Jogo embaralhado.
Era o teste perfeito: quem tinha aprendido a adaptar, se adaptou rápido. Quem ainda estava no modelo antigo sentiu o peso da lentidão.
As conversas mudaram:
- De “por que temos que mudar?”
- Para “como mudamos mais rápido?”
A cultura começava a girar.
Segundo Ponto de Aperto — O Mercado Não Espera
Uma virada dura bateu: quem ainda resistia sentiu os números travarem. O mercado não premia quem fica parado. A mudança encostou no ombro de cada um ali.
Isso não criou medo, criou urgência.
Terceiro Ponto de Virada — Agora Era Tudo ou Nada
Chegamos a um ponto onde não havia espaço para meio-termo. Ou o time abraçava a agilidade de verdade com comprometimento, coragem, foco, abertura e respeito ou ficaria para trás.
E foi nesse momento que a mágica aconteceu. Pelo menos para a maioria.
Ato 4 — O Clímax, a Virada e o Orgulho
A promessa se cumpriu.
Times que aprenderam a inspeccionar e adaptar começaram a fechar mais oportunidades. Gerentes guiavam corretores em ciclos rápidos de aprendizado. Scripts, posturas em mesa, abordagens, métricas, ritmo, tudo evoluindo sem drama, sem glamour, sem teoria, com suor e prática.
O momento “ahá!” veio numa conversa simples com um gerente que tinha sido cético no início:
“Agilidade não é ferramenta. É coragem diária de ajustar rota.”
Naquele instante, soube que tínhamos vencido.
Não porque todos viraram evangelistas ágeis. Mas porque aprenderam o valor da adaptação.
Resolução — O Que Ficou Depois
Saí em outubro com algo maior que métricas: um time mais consciente, mais rápido e mais maduro. Eles aprenderam que resultados vêm de muitas micro mudanças, aprendizados diários e escolhas corajosas.
Agilidade não transformou apenas processos. Transformou pessoas.
E eu?
Eu entrei resistente. Saí com mais perguntas do que respostas e com a certeza de que esse tipo de desconforto é o que move evolução de verdade.
Aprendi que:
- Agilidade pode transformar vendas, desde que adaptemos o caminho.
- Branding importa tanto quanto tráfego pago, talvez mais.
- Sem autonomia, agilidade sofre, mas com pequenas aberturas, ela floresce.
- Nem todos vão incorporar os valores ágeis e está tudo bem. Mas quem abraça, dispara à frente.
- Trabalhei de forma remota e vi que presença física nunca foi barreira para influência, conexão ou resultado com a equipe, talvez com terceiros.
Eu não saí daquele ciclo com verdades absolutas. Saí com humildade. Saí mais ágil do que entrei.
E isso, para mim, foi a maior vitória.
Agilidade funciona em vendas.
Funciona em qualquer lugar onde exista gente disposta a aprender.
E quando não existe? Funciona também, porque mostra quem não quer ir junto, e isso ficou bem óbvio.
Se sua organização busca mais do que métodos e deseja construir times autônomos, líderes preparados para o futuro e uma cultura que realmente aprende, vamos conversar.
Eu apoio empresas na criação de ambientes ágeis, humanos e orientados a resultados, conectando estratégia, equipes e prática diária.
Quer acelerar essa transformação e fortalecer sua cultura?
Chame para um bate-papo e começamos juntos essa jornada.
Resumo
- Ato 1 — O Convite, o Medo e o Mergulho no Desconhecido.
- E quando a gente não conhece o jogo, jogar exige humildade e coragem.
- Minha confiança e a convicção de que a agilidade pode entrar em qualquer lugar e prosperar.