O Guia do Scrum De Trás pra Frente

Vou seguir a estrutura do Guia do Scrum lançado em novembro de 2020 mas vou seguir do fim para o começo, isso faz sentido até fora de ordem. Nada te impede de ir ao Guia oficial. Na verdade, vá. Melhor que ver uma coisa de trás pra frente resumida, comentada e quase divertida.

Compromisso: Definição de Pronto

O Guia termina falando sobre o que considera um item Pronto.

A Definição de Pronto é quando algo atende às medidas de qualidade e estão alinhadas as expectativas de todos antes mesmo de serem feitas.

Com os critérios de aceitação claros para todos antes de começar a fazer algo, fica mais fácil ter um feedback sobre cada tarefa feita.

Difícil é todos terem um critério de aceitação para definir um em comum. No fim, quando está pronto é que vão entender que falaram besteira, mas tenta fazer sem isso pra ver o retrabalho que dá.

Incremento

Cada coisa feita que nos aproxima do objetivo final é um incremento. Para isso ele deve gerar valor e deve ser algo útil e Pronto. Não adianta soltar seus incrementos que não vai rolar, tem que ter valor. E se não tem valor, não faça! Sério!

Compromisso: Meta da Sprint

Se cada tarefa tem que ter uma Definição de Pronto, o conjunto semanal delas ou Sprint como chamamos tem que ter uma meta clara.

A Meta da Sprint ajuda a focar no valor entregue e não em tarefas feitas ou horas de esforço sem sentido. O foco na Meta da Sprint deve estar bem claro para todos. Às vezes, no meio da Sprint descobrimos que temos que mudar como estamos fazendo para atender a Meta da Sprint a tempo.

Sprint Backlog

O que vamos fazer na próxima semana, quebrado em tarefas de no máximo um dia para poder acompanhar diariamente o progresso é o que chamamos de Sprint.

Colocamos essas Sprints como listas no Basecamp e a cada início de Sprint quebramos as tarefas em no máximo um dia de execução detalhando cada item, incluindo o conceito de Pronto de cada coisa. Rabiscamos. fazemos mapa mental, desenhamos e discutimos muito para todos entender o que estará Pronto ao fim da Sprint.

Compromisso: Meta do Produto

A meta principal. A visão a ser atendida. Um estado futuro que sirva de alvo para o time. Onde queremos chegar e todos nossos esforços de todas as Sprints convergem.

Product Backlog

Uma lista com tudo que precisa ser feito para atingir a meta do produto. Sem muitos detalhes, mas o suficiente para entender quando estarão Prontos.

Cada item com esforço estimado pelos desenvolvedores da solução e um valor de negócio estimado pelo dono do produto. Com isso a decisão de priorizar maximiza o retorno sobre o investimento.

A cada Sprint vão se detalhando os itens escolhidos para a Meta da próxima Sprint.

Todos podem colocar suas ideia no backlog. Nem tudo vai ser feito. O Product Owner que vai priorizar.

Artefatos do Scrum

Os artefatos do Scrum representam trabalho ou valor. Eles são projetados para maximizar a transparência das principais informações. Assim, todos os que os inspecionam têm a mesma base para adaptação.

Cada artefato contém um compromisso para garantir que ele forneça informações que aumentem a transparência e o foco contra o qual o progresso pode ser medido:

● Para o Product Backlog, é a Meta do produto.
● Para o Sprint Backlog, é a Meta da Sprint.
● Para o incremento, é a Definição de Pronto.

Esses compromissos existem para reforçar o empirismo e os valores Scrum para o Scrum Team, e seus stakeholders.

Retrospectiva do Scrum

O evento mais importante. Muitas vezes negligenciado por quem não entende a agilidade. Pode deixar de fazer todo o resto, se conseguir fazer uma retrospectiva produtiva, se considere ágil.

A Retrospectiva é O momento de adaptação. Tem o foco na produtividade aumentando a qualidade e eficácia.

Hora de avaliar as interações entre os indivíduos, processos, ferramentas e se a Definição de Pronto está bem clara.

O que pode ser feito para sermos mais felizes?

Revisão da Sprint

A Sprint Review cria o momento de inspeção e reconhecimento de progresso. Os desenvolvedores apresentam tudo e somente o que está realmente Pronto.

Ideias, palpites, mudanças são bem vindas mas vão pro backlog que chamamos de [Ideias a orçar] sem discussão. Depois de dado o esforço pelos desenvolvedores, o product owner decide se faz ou não.

Scrum Diário

Diárias rápidas para saber o progresso, possíveis desperdícios (ou impedimentos) e o que precisa ser feito no próximo dia em relação a Meta. Essa reunião só serve pros desenvolvedores e ajuda no foco e auto gerenciamento.

Somente os desenvolvedores falam e todos eles falam, cada um tem 50 segundos, se vira. O Scrum Master fica lá para anotar os impedimentos que não são dos desenvolvedores para correr atrás depois da Diária.

Se não acontece essa diária são dois motivos, ou trabalharam juntos no último dia ou não tem noção do perigo, então é só perguntar, o que falta para cumprirmos a meta da sprint sem horas extras?

Planejamento da Sprint

O Planejamento da Sprint define tudo que será feito na próxima semana, quebrando tarefas com o máximo de um dia de execução, com os itens de maior valor no menor esforço possível. Define-se a Meta, o que pode ser feito nesse tempo e como será feito. Colocamos tudo em listas de tarefas no Basecamp para tornar transparente o progresso.

A Sprint

A Sprint com tempo fixo o menor possível para entregar algo com valor e com uma Meta bem clara.

Cada Sprint é um projeto e ninguém sabe quando pode ser o último. Com o tempo fixado, a negociação fica ao redor da Meta. Usamos uma semana, 4 dias e meio de desenvolvimento e meio dia para Planejar, Revisar e se Adaptar.

Eventos Scrum

A Sprint é um contêiner para todos os outros eventos. Cada evento no Scrum é uma oportunidade formal para inspecionar e adaptar os artefatos do Scrum. Esses eventos são projetados especificamente para permitir a transparência necessária. A falha em operar quaisquer eventos conforme prescrito resulta em oportunidades perdidas de inspeção e adaptação. Os eventos são usados no Scrum para criar regularidade e minimizar a necessidade de reuniões não definidas no Scrum. O ideal é que todos os eventos sejam realizados no mesmo horário e local para reduzir a complexidade.

Scrum Master

Responsável por fazer todos a entender a teoria e prática do Scrum.

TK: Escrever um artigo sobre isso e treinar os gestores.

Product Owner

Responsável por garantir o melhor retorno sobre o investimento. Todos devem respeitar sua decisões. Pode representar um comitê, mas ainda é a pessoa a dar a palavra ao restante do time.

TK: Escrever um artigo sobre isso e treinar os clientes.

Desenvolvedores

São os responsáveis e comprometidos em criar qualquer aspecto de um incremento utilizável a cada Sprint.

Time do Scrum

O que resolve problemas complexos são pessoas. Para soluções criativas precisamos do choque de ideias e pessoas que saibam que são capazes de gerar valor em uma equipe multifuncional. Sem hierarquia, sem comando e controle. Profissionais focados numa única Meta.

O time Scrum consiste em um Scrum Master para evangelizar o Scrum, os princípios de agilidade e adaptação, um Product Owner para priorizar o retorno sobre o investimento e os desenvolvedores que irão criar o valor priorizado. E isso tudo garantindo a melhor experiência de todos os impactados!

Os Valores do Scrum

Isso não é pra qualquer um.

Definitivamente precisamos de pessoas que valorizem o compromisso de atingir os objetivos e ajudar uns aos outros para conseguir.

Pessoas com foco trabalhando e atingindo o valor uma Sprint pode vez.

Pessoas com abertura quanto ao trabalho e aos desafios.

Pessoas que respeitem pessoas e as diversidades reconhecendo as capacidades e independência de cada um.

E pessoas com coragem de fazer o que é certo e trabalhar em problemas difíceis.

Teoria do Scrum

Scrum é baseado no lean thinking, no pensamento enxuto, onde foca em remover todo tipo de desperdício. Pensa aí o que seria desperdício. Tempo, vida, esforço, grana, saúde. Pensa aí quem causa esses desperdícios. E como saber se nossa solução ou processo não estão gerando mais ainda?

Precisamos tatear para entender como o mercado, cliente, sociedade responde às nossas soluções. Tatear significa que precisamos de transparência e inspeção para nos adaptar. Adote a transparência radical.

E precisamos fazer isso o mais rápido possível, então usamos ciclos ou iteratividade baseados em feedback (Sprints) para fazer pequenos incrementos de valor e de adaptação constante. Não podemos esperar muito para nos adaptar, é muito arriscado!

O time deve se adaptar no momento que aprende algo novo por meio da inspeção.

Entenda, o time que se adapta, não é alguém de fora que fala o que o time deve fazer, conselhos são bem vindos, mas a gestão de como fazer cada coisa, vem do próprio time. Abrace a adaptação constante.

Definição do Scrum

Sério, muito difícil de entender. Fácil de decorar. Mas tem tantas teorias e problemas que foram estudados para chegar na definição que vai demorar anos até que aprenda. E quando achar que aprendeu, vai descobrir que ainda tem muito o que aprender.

Scrum é um framework leve que ajuda pessoas, times e organizações e gera valor por meio de soluções adaptativas para problemas complexos.

Simples né? Então responda:

  • O que é um framework? É uma metodologia? Um processo?
  • Por que ajuda pessoas? Por que não posso fazer um robô?
  • O que são soluções adaptativas? Tá me cheirando a gambiarra.
  • O que são problemas complexos? O que eu faço é complexo? Não posso aplicar Scrum num problema simples ou complicado?

Conseguiu responder todas? Nem continua se não souber as respostas, ou continua e joga nas costas do Scrum Master (ou seu gestor de projetos) e garanta que ele crie um ambiente onde tenha:

  • Um Dono do Produto que coloque ordem nas coisas que devem ser feitas e tente ter o maior retorno possível sobre o esforço;
  • Um time que faz o que deve ser feito e gere algo útil e de valor a cada semana;
  • E pessoas com coragem para analisar os resultados sem martírio para se ajustar para a próxima Sprint;
  • E… repete.

Agora um aviso, todos os problemas vão ficar visíveis desde a gestão, o ambiente e as técnicas, vai soltar tudo no ventilador! Se não tem coragem, nem continua.

O Propósito do Guia do Scrum

Criado no início de 1990 para resolver problemas complexos, o guia contém a definição do Scrum. Cada vez menos prescritivo, o guia fala o que temos que colocar em nossos processos para sermos adaptativos e baseados no empirismo. Vem sendo usado desde então, não é a bala de prata para todos os o problemas, mas uma boa estrutura de como começar a ser ágil.

Não temos um problema igual ao outro. Tudo na criatividade é muito complexo tanto na tecnologia quanto na comunicação. Abrace a complexidade.

Agilidade não quer dizer velocidade. Agilidade no sentido de adaptação com o que vai ser descoberto ao desbravar a complexidade, sejam riscos, sejam oportunidades.

Cada prática do Scrum tem um propósito e se não quiser fazer algo, garanta que o propósito e os problemas de não seguir a prática sejam atendidos de alguma forma. Adote primeiro e depois adapte.