O que mudou para precisar de tanta agilidade e adaptação? Tento explicar porque e como começar sem ter que jogar tudo fora.
Era uma vez…
A era industrial, com o mercado padronizado, concorrência local, pouca diversividade e grandes linhas de produção. Pessoas deveriam se comportar e produzir como máquinas, conforme processos prescritos e bem detalhados de como trabalhar. Mudanças eram evitadas, a criatividade suprimida e a vida deveria ser vivida nos fim de semana e na aposentadoria.
E veio a globalização
Mercados globais, marcas globais, a Internet. Tudo ficou próximo e agora todos concorrem com todos. O padrão não é mais aceito. As marcas (e as pessoas) começaram a desafiar o status quo. Alta concorrência e alta personalização. O diferencial deve estar evidente para não ser mais um no mar vermelho do preço.
Máquinas e robôs substituem o homem-máquina, o mundo se torna digital e até o valor é criado em coisas virtuais. Você pode ter milhares de livros no seu bolso.
Toda a teoria da administração da era industrial não serve para o que não é indústria. Mas ainda é aplicada para a área de conhecimento e até na educação.
E os meus processos?
Se você tem uma indústria de produção, siga a teoria da produção industrial de comando e controle. Para problemas simples ou até complicados onde é clara a relação de causa e efeito, usar processos descritivos ainda é a melhor solução.
Se o seu produto ou serviço está à merce das constantes mudanças do mundo, se depende de coisas vivas como pessoas para construí-lo e o mercado para aceitá-lo, onde a complexidade beira ao caos, uma solução empírica é mais indicada, seja ágil.
Não precisa jogar tudo fora. Técnicas e ferramentas ainda podem ser úteis e até essenciais, mas a única coisa que consegue lidar com essa complexidade é o ser humano. E mais, para a maioria desses problemas não conseguimos sozinhos, dependemos de boas ideias que vêm do choque de várias ideias fracas e formam com o tempo, soluções.
Como fazer?
Como dizia o filósofo, conhece-te a ti mesmo. Defina seus processos atuais, suas ferramentas, seu organograma, sua cadeia real de geração de valor, suas práticas de comando e controle, bonificação e punição, suas investidas em motivação e avaliação da equipe, torne tudo transparente e inspecione o resultado.
Depois comece os ciclos de adaptação. Lembre que todo seu processo deve terminar numa bela retrospectiva de como serem mais produtivos. Pegue a maior dor e mude o processo. Comece eliminando ou incluindo cada prática com o objetivo claro de ser mais produtivo. Um passo por vez.
Uma dica: se são pessoas que vão conseguir resolver, comece mudando por elas, trate-as como essenciais que são para a solução, aplique a transparência radical de informações para que possam tomar decisões certas baseadas nos resultados obtidos, dê um propósito, autonomia, um desafio e confie.
Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas – manifesto ágil
Então esqueço meus processos? Opa, não! O próprio manifesto diz:
Ou seja, mesmo havendo valor nos itens à direita,
valorizamos mais os itens à esquerda.
Os processos e ferramentas devem estar em função dos indivíduos e não o contrário. Devem ser questionados e desafiados constantemente para melhorar a produtividade e incentivar as interações entre as pessoas. Mas porque?
Por enquanto, qualquer robô pode seguir uma instrução de como fazer um delicioso bolo, mas ainda não tem nenhum robô com estrela Michelin por ter inventado um prato de comida.
Saiba como definimos nossos processos e quais ferramentas utilizamos para manter uma equipe ágil.